CHROMESKULL: “O underground é apaixonante, mas também é cruel.”

Membros do Chromeskull

É Rock! É Heavy Metal! É Chromeskull!

Conheci esses parceiros numa dessas noites loucas onde dividimos o palco lá em 2019. Em 2023, lançaram um álbum foderoso que me deixou extremamente entusiasmado. Não posso deixar você de marola e, por isso, trago esse bate papo com os caras Heavy Metal pra caralho.

Deixo meus agradecimentos especiais pela atenção e presteza da rapaziada. Sem mais enrolação, curta a trocação.


A origem do Chromeskull

TP: Vamos ao início de tudo para os desavisados. Quando e onde o Chromeskull se formou? Fale sobre influências, origem do nome e temas usados nas letras.

Aquiles Jeronimo: “O Chromeskull surgiu em São Paulo, por volta de 2017. De lá pra cá, a banda passou por várias fases, mudanças de formação, despedidas e recomeços. Da formação original, ninguém permaneceu. Eu entrei logo depois, quando a banda ainda estava em processo de transformação, e hoje estamos com uma formação sólida: Leonardo Gonçalves e Guilherme Suhaldonik nas guitarras, Lucas Soares no baixo, e eu nos vocais.”

”O nome Chromeskull já existia antes de todos nós — ele veio de um filme de terror trash chamado Laid to Rest, onde o vilão usava uma caveira cromada como máscara. Era grotesco, exagerado, brutal… e isso combinava muito com a proposta sonora que a banda queria seguir. Quando assumimos a banda, decidimos manter o nome, porque ele carrega essa energia visceral que ainda faz sentido com o que fazemos.”

”Musicalmente, somos muito influenciados pelo Heavy Metal clássico dos anos 80 — bandas como Judas Priest, Accept, Mercyful Fate, KISS, Iron Maiden sempre foram nossa base. Mas dentro disso, colocamos nossa identidade, com uma pegada mais sombria e até cinematográfica. As letras exploram o oculto, o psicológico, a guerra interna, o horror e a fantasia. A ideia é fazer cada música soar como se fosse uma cena intensa de um filme de terror clássico dos anos 80.”

Aquiles Jeronimo -  Chromeskull

Dificuldades no underground brasileiro

TP: Manter uma banda original aqui no Brasil não é pra qualquer um. Há dezenas de obstáculos que circulam várias esferas deste universo chamado Metal. Cite as dificuldades que mais impactam o Chromeskull.

Aquiles Jeronimo: “As maiores dificuldades são estruturais: falta de apoio real, dificuldade de fechar shows, custo altíssimo pra gravar com qualidade. O underground é apaixonante, mas também é cruel. Você precisa investir tempo, grana e alma, e nem sempre tem retorno imediato. E ainda tem a barreira do “novo”, que muitas vezes assusta o público mais tradicional.”

Leonardo Gonçalves: “Acho que a maior dificuldade é achar lugar pra tocar. Com os bares lotados de cover, o underground respira por aparelhos.”


Seleção para o Grand Prix do Canal Amplifica

TP: Desde já, deixo minhas congratulações pelo Chromeskull ter sido selecionado para o Grand Prix do Canal Amplifica, do Rafael Bittencourt. Como vocês receberam essa notícia e o que vocês esperam?

Guilherme Suhaldonik: “Recebemos a notícia com grande alegria e entusiasmo, pois sabíamos que não seria fácil a seleção com bandas de todo o Brasil. Sabemos que será um grande evento e com bandas de muita qualidade, vamos nos dedicar para realizar um show com muita entrega, energia e diversão.”


Álbum Screaming To The World: a virada

TP: Particularmente gostei muito do álbum Screaming To The World. Na minha opinião, o melhor álbum daquele ano, onde ouvi muito em looping. Qual é a percepção de vocês sobre esse trabalho em comparação com os singles e EP anteriores? Fale um pouco sobre tudo que cercou Screaming To The World.

Leonardo Gonçalves: “O álbum veio numa fase de transição da banda. O próprio single anterior, You Burn in Hell, já demonstra a diferença sonora da banda. Eu entrei já para a gravação do CD, então foi só uma somatória de influências novas.”

Lucas Soares: “São trabalhos e fases bem distintas. A banda mudou, literalmente. Os trabalhos iniciais tinham outro conceito, além de outras pessoas por trás. A Chromeskull começou a ganhar a identidade que tem hoje com a entrada do Aquiles, e principalmente a partir de You Burn In Hell (2021). Eu entrei pouco tempo depois. Começamos a compor com mais frequência, de forma ainda despretensiosa, até a chegada do Leo em 2022, quando as composições ficaram mais direcionadas.”

”As gravações do Screaming foram peculiares — não tínhamos baterista fixo na época, então o próprio produtor Filipe Stress assumiu as baterias. E acho que não poderia ter sido diferente. O álbum repercutiu muito bem, nacional e internacionalmente, ganhando destaque em revistas e blogs voltados ao nosso estilo.”

Capa do álbum Screaming To The World da banda Chromeskull

A cara do Chromeskull

TP: Na visão de vocês, qual faixa do Chromeskull representa a banda?

Guilherme Suhaldonik: “Desde que escutei pela primeira vez o álbum, a música Drive Me Insane me conquistou e acho que ela resume bem a banda, onde junta uma melodia marcante, agressividade e velocidade na dose certa.”

Leonardo Gonçalves: “Eu diria que Nightwitch tem tudo que é a Chromeskull. Em relação à letra, dobras de guitarra, riffs, viradas… Ela é um bom resumo do que somos.”


Bandas novas e o espaço no Metal hoje?

TP: Vocês percebem alguma resistência do público de Metal em geral atualmente com “bandas mais novas”, como o Chromeskull, fazendo este estilo de Metal?

Guilherme Suhaldonik: “Algumas pessoas ainda têm certa resistência com bandas novas, mas no geral, sempre vi uma galera que apoia bandas underground. E atualmente, com as redes sociais, as pessoas acabam conhecendo e acompanhando mais as novas bandas. E, quanto à Chromeskull, mesmo antes de entrar na banda eu já percebia que estavam conquistando fãs não só no Brasil como fora também.”

Leonardo Gonçalves: “A grande dificuldade é chegar nas pessoas. A resistência é furar a bolha de “só mais uma banda”, mas no geral a banda tem uma receptividade ótima.”


Espaço para Heavy Metal Tradicional

TP: Presumo que essa paixão pelo Heavy Metal, especificamente 80’s, seja compartilhada por todos da banda. Como vocês veem os espaços destinados por casas, produtores e mídia destinados especificamente a este estilo de Heavy Metal?

Leonardo Gonçalves: “O Heavy Metal tá aí pra sempre, mas o grande problema é ter que se encaixar em caixinhas pra vender o merch. Chromeskull é Heavy Metal? Sim. É Rock? Sim. É Metal? Sim.”


As redes sociais para o Chromeskull

TP: As redes sociais se tornaram um espaço alternativo para que trabalhos de diversas profissões e funções tivessem voz. Como vocês vêem toda essa mudança na maneira de se divulgar?

Lucas Soares: “Vejo como um facilitador. A divulgação do trabalho independente e underground sempre foi a mais difícil, por ter pouca oportunidade e visibilidade. Mas com as redes sociais conseguimos nos comunicar diretamente com pessoas que se identificam com nossa música e estilo. Temos notado um grande aumento de público nas regiões interioranas do país, assim como em países distantes — algo que seria impensável sem essas ferramentas.”

Aquiles Jeronimo: “Hoje é impossível ignorar. As redes sociais são essenciais. Foi ali que muita gente nos descobriu, inclusive. Mas também é um desafio — é cansativo, exige estratégia, presença constante. Às vezes parece que você tem que ser músico e marqueteiro ao mesmo tempo. Mas faz parte. A boa notícia é que a música certa sempre acha quem precisa ouvir.”


Planos

TP: Quais são os próximos planos do Chromeskull? Turnê? Álbum novo?

Leonardo Gonçalves: “Estamos trabalhando em um álbum novo, um pouco mais pesado. Em relação a shows, creio que focaremos mais no Amplifica por enquanto e depois vamos vendo o que surgir de oportunidades.”


Juntar forças com o Chromeskull

TP: Como os fãs podem seguir/comprar Chromeskull e os produtos?

Lucas Soares: “O Instagram hoje é nossa principal ferramenta de comunicação — @_chromeskull_. Por lá divulgamos agenda, novidades, e é possível acessar todas as outras redes. Para adquirir produtos, levamos uma lojinha em todos os nossos shows — é uma maneira de incentivar a ida ao show e garantir algo exclusivo, além da experiência ao vivo. Também estamos em todas as plataformas digitais com nosso disco e EPs anteriores.”

Ouça Chromeskull agora: https://li.sten.to/ScreamingToTheWorld


Recado final

TP: Mais alguma coisa que vocês gostariam de mencionar?

Guilherme Suhaldonik: “Gostaria de aproveitar a oportunidade para agradecer ao Aquiles, Léo e Lucas por acreditarem e confiarem em mim para estar na banda, e a todos os amigos e fãs pela recepção tão calorosa que recebi quando fui anunciado. Fiquem ligados nas nossas redes sociais que teremos novidades!”


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Este post foi escrito por Terry Painkiller – músico, produtor e redator do blog. Siga para mais conteúdos sobre a cena Rock e Metal Underground.

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