ENTREVISTA: Arsenal Renegade após "Genocide Apocalypse".

ARSENAL RENEGADE
Da esquerda para direita: Will Bonner, Tonny Reapper, Johnny Hardy, Anthony Ren e Claudio Givisiez

Johnny Hardy (vocais), Anthony Ren (guitarra), Will Bonner (guitarra), Tonny Reapper (baixo) e Claudio Givisiez (bateria) compõe a explosão técnica e sonora do ARSENAL RENEGADE. Com o debut lançado em junho de 2020, a banda já trabalha em seu próximo álbum. 

Aproveitei para conversar um pouco com os caras que estão na estrada desde 2014. Desde já agradeço pela atenção dada, para a realização desta entrevista. 

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Os trabalhos para o segundo álbum do Arsenal Renegade já começaram. O álbum já tem um título? Falem um pouco sobre os processos de gravação e a equipe por trás deste segundo trabalho.

O processo de composição do novo álbum foi no mínimo curioso para nós, visto que no primeiro álbum, em regra, estávamos o tempo todo juntos compondo. Com o advento da pandemia, esse "luxo" já não estava disponível o tempo todo. Tivemos que adaptar a forma de compor e foi desafiador. Temos um GP do Telegram, onde enviamos mídias o tempo todo e usamos deste artifício para enviar os novos riffs, linhas de bateria, linhas de voz e etc. À medida que o material vinha chegando, íamos lapidando e jogando de volta no GP. Geralmente começamos a compor a partir de uma linha de guitarra ou linha de voz e, nesse novo processo, até começar a partir de uma linha de bateria rolou, o que foi muito interessante. Ainda não temos um nome para o álbum, apenas alguns temas retratados nas músicas. Acreditamos que nascerá a partir daí e em breve iremos revelar ao nosso público. 

Soa bem nítida a influência do período pós-Brave New World no conceito do Genocide Apocalypse. O próximo disco seguirá a linha do debut, ou traçará outros horizontes musicais?

A gente quer manter uma certa assinatura, uma linha de conexão com o Genocide, mas buscaremos novos horizontes. Apesar de gostarmos muito de músicas mais longas e complexas, temos buscado referências mais modernas e "retas", por exemplo, usamos a música "My Curse" do Killswitch Engage para discutir sobre proposta de sonoridade e textura. Seguindo essa linha de proposta, queremos trazer músicas menores e menos repetitivas. Tivemos o cuidado de usarmos referências do Genocide para criar um vínculo, mas com algumas dificuldades, pois a banda tem muitas influências musicais. Somos capazes de criar músicas com uma boa versatilidade no sentido de vocabulário musical e estamos sempre querendo inovar, trazer coisas novas ou diferentes. No momento estamos no processo de gravação e seremos capazes de apresentar um trabalho inovador e mais moderno, ainda assim, com uma boa conexão com o Genocide.

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Hoje, fala-se muito do dinamismo no que tange às composições. Muitos alegam que músicas longas não atraem público. No entanto, esta “regra” de música curta sempre existiu, mesmo em períodos em que bandas de Rock e Heavy Metal traziam epopeias sonoras. Como vocês lidaram com isso, tendo em vista o tamanho das músicas no Genocide Apocalypse?

É verdade! Essa regra no mundo musical é muito forte e o nosso novo álbum seguirá mais ou menos essa premissa, tendo em vista que queremos expandir o nosso público e ter um álbum mais dinâmico abrirá grandes possibilidades mercadológicas para nós. No que tange a ter um álbum com músicas longas, para nós é uma necessidade da alma, pois somos fãs de bandas progressivas, como o Dream Theater, Opeth, Mastodon, Rush, Pink Floyd entre outras. Acreditamos que, desde que se tenha músicas que te prendam, seja com o enredo ou ambientação, tá valendo. Ter um álbum mais progressivo em nosso cast é algo maravilhoso, pois podemos agradar a uma variedade de fã diferentes, aumentando assim as possibilidades. 

Até pouco tempo, era difícil ver bandas de Heavy Metal utilizarem as redes sociais com irreverência, fazendo brincadeiras e afins. Houve uma mudança de uns tempos pra cá e parece que o Arsenal Renegade seguiu essa conduta, sobretudo através do Johnny Hardy. Poderiam, por favor, comentar sobre?

Sim! Acreditamos que o alívio cômico é algo bem-vindo para o nosso projeto, visto que levamos muito a sério o mesmo. Algumas bandas como o Gojira, por exemplo, usam dessa tática muito bem, como por exemplo o personagem "Evil Mário", protagonizado pelo baterista da banda Mario Duplantier. Mário apresenta cenas hilárias do maquiavélico personagem e seu animal de estimação a “Killer Tarântula”, durante as extensas turnês da banda. Johnny Hard com o seu álter ego "Freaky Nighthmare", com muito "carisma" e "simpatia", vem arrepiando e atraindo cada vez mais fãs para a banda. 

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O conceito visual do Arsenal Renegade parece ter mudado em prol da temática do Genocide Apocalypse. A proposta visual se manterá para o próximo disco ou haverá alguma mudança? Poderiam comentar sobre?

Haverá poucas mudanças em relação ao primeiro, com exceção do visual do Johnny que seguirá com uma nova pegada, segundo o seu novo personagem, que tanto pode ser interpretado como um Serial Killer, como também um Mercenário, dependendo da ocasião. 

Heavy Metal no Rio de Janeiro pode ser uma experiência complicada de se viver como banda, digo sobre Heavy Metal (o que no RJ, chamamos de Heavy Metal Tradicional). Não há shows segmentados no underground e não há um cenário voltado a essas bandas. Como vocês avaliam a situação de ser uma banda de Heavy Metal no Rio de Janeiro?

Verdade. Temos tido dificuldades em arrumar eventos, pois a maioria dos eventos até agora da cena Underground são de Hardcore, Death ou Thrash. Temos buscado parcerias e locais pra tocar, por exemplo, não recebemos ainda um convite para tocar. Todos os shows que fizemos desde a volta à normalidade foram por iniciativa nossa, mas acreditamos que existe uma boa chance de termos uma maior pluralidade e diversidade nos eventos, pois sentimos que a cena Underground do Rio de Janeiro tem se tornado cada vez mais forte. Temos tentado criar o nosso espaço e melhorar as nossas redes sociais e a criação de conteúdos, pois cada vez mais o online tem criado espaço no offline. É engraçado como, apesar de a flexibilização não ter ocorrido há muito tempo, a gente tem sentido uma vontade e urgência muito grande em comparecer e tocar nos eventos, mas sempre que conversamos sobre isso nos lembramos de termos calma e paciência. Acreditamos que vamos conseguir crescer bastante e ter espaço se continuarmos o bom trabalho que temos feito.

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Costumo dizer que fica sempre complicado às bandas underground, quando estouram shows de bandas mainstream para todo canto em determinado período. Escasseia-se público, as vendas caem e a atenção, obviamente, se volta ao mercado de entretenimento mainstream. Este ano, há incontáveis shows — seja no RJ ou em SP — de bandas classificadas como mainstream. Vocês compartilham da mesma impressão ou possuem uma experiência diferente? Comentem sobre, por favor.

Compartilhamos sim, mas depende muito da proximidade regional e do tamanho do evento. Por exemplo, se quisermos fazer um evento da Arsenal Renegade, dificilmente marcaremos em uma data próxima à do Rock in Rio. Acreditamos que existe sempre um público disponível, mas com um evento muito grande em uma data próxima até as divulgações online perdem força, pois todos falarão majoritariamente do evento grande, entende? Mesmo que esse evento não seja propriamente musical, por exemplo, as eleições também atrapalham a divulgação e a realização de um evento.

Fala-se muito hoje sobre “empreendedorismo no Rock”, orientando bandas a se profissionalizar como “empresários” de si mesmo. Algumas personalidades dizem que isso pode atrapalhar o processo criativo da banda, orientando a contratação de serviços especializados. Como vocês encaram isso?

Acreditamos que afeta, mas achamos que isso faz parte do que é ser musico/artista nos dias atuais e que isso é uma faca de dois gumes. Todos nós músicos precisamos entender o nosso potencial valor como produto e como produtores de conteúdo, pois isso nos liberta e nos dá novas possibilidades de viver da música, além de que, se fizermos nós mesmos, teremos menos um custo na manutenção da banda. Sabemos que, pra nós da Arsenal Renegade, esse processo não é simples ou fácil, pois além de querermos sempre ter uma excelente qualidade na produção dos nossos conteúdos, ainda precisamos trabalhar em outros empregos pra nos sustentar e, com a constante mudança de comportamento dos usuários nas redes sociais, os aplicativos estão sempre mudando algoritmos e normas, dificultando ainda mais a nossa produção e manutenção das nossas páginas. Por isso acreditamos que, com tanta coisa pra fazer e estudar fora dos nossos instrumentos ou composições, somos sim afetados criativamente, enquanto produtores puramente artísticos. Apesar de ser importante enfatizar que quanto mais entendermos do business, maiores também são as chances de tomarmos escolhas mais assertivas, enquanto produtores de música com um viés mais de produto. Como dito, é uma faca de dois gumes. 

JHONNY HARD - ARSENAL RENEGADE
Johnny Hardy

Falem sobre a agenda da banda. 

Já passamos da fase de pré-produção do nosso disco novo e agora estamos gravando as guitarras. Em paralelo estamos procurando eventos e shows. Temos marcado um show no dia 16/07 no bar "Chega Junto" em Rocha Miranda. 

Agradeço a oportunidade da entrevista e gostaria que deixassem um recado final aos seus seguidores e demais público.

Primeiramente gostaríamos muito de agradecer o espaço e a oportunidade da entrevista. É muito importante pra nós esse trabalho feito por vocês! Obrigado! Gostaríamos também de agradecer todos os nossos fãs e todas as pessoas que nos têm acompanhado! Podem esperar um novo disco que vai trazer uma pitada de Genocide Apocalypse, mas bem mais conciso e mais moderno. Também gostaríamos de lembrar a importância de as pessoas comparecerem aos eventos da cena Underground sempre que possível, pois quanto mais unidos mais fortes seremos e precisamos disso pra termos mais espaço! Contamos com vocês! Obrigado! 


Arsenal Renegade é:

Johnny Hardy (vocais)
Anthony Ren (guitarra)
Will Bonner (guitarra)
Tonny Reapper (baixo)
Claudio Givisiez (bateria)

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