KING KONG VS GODZILLA

 


Desconheço completamente o enredo destas personagens e fico no limbo daqueles que ignoram todo o alarde produzido sobre a obra. No entanto, os últimos meses me levaram a uma reflexão a respeito do cenário underground atual.

Se você veio até aqui, esperando palavras que diriam: “O King Kong deita o Godzilla!” ou “O Godzilla nem precisa de esforço”, é melhor voltar e sair da página, porque isso não tem nada a ver com a obra. Aqui venho reflexionar sobre a polarização constante que toca a sociedade no dia-a-dia, como um roteiro bem definido para que os coadjuvantes não se metam a besta de se engraçar com os protagonistas.


Pois é! Desde já peço perdão àqueles que chegaram aqui pelas personagens citadas no título. Foi realmente para te chamar atenção. O que quero aqui é te convidar para pensar um pouquinho comigo e questionar essa “nuance” tão forte que marca nossos dias, a cada minuto, cada segundo. Não vou entrar em termos conceituais. Pois, acredito que há uma variedade de literatos, blogueiros, youtubers e afins com conteúdos suficientes para lhe entregar sobre o conceito de polarização.


Tenho o hábito de cravar uma divisão ali no pós-Segunda Guerra Mundial. Não sei explicar. Sei que isso me deixa confortável para alocar muitos acontecimentos do século XX. Acredito que seja assim para muita gente. E, nestes últimos dias, minha cabeça parece atirar em reminiscências disparatadas, fazendo-me conectar, inconscientemente, pontos que, a princípio, não fariam sentido.


Há muitos anos, li um romance que não me recordo o nome, mas se tratava de uma agente da KGB e um americano, desses “serviços-mais-que-secretos” que inventam por aí. O romance avança e a cada passo, as personagens começam a se relacionar. Não me recordo do fim da trama, porém daquela atmosfera polarizada que permeava a vida das personagens. Isso tudo me trouxe aos últimos meses. Na verdade, aos últimos anos. A exacerbação da utilização de um veículo tão importante como a internet para fins fúteis: polarizar. E aí eu cheguei a uma conclusão estúpida: Americanos e Soviéticos foram gênios. Trabalharam direitinho a sociedade para ostentar bandeiras que hoje, após mais de 30 anos da Queda do Muro, continuam a fazer.


Fui levado à história do Rock e da música Pop. Michael Jackson vs Prince, Mariah Carey vs Jennifer Lopez, 50 Cent vs Ja Rule, Lady Gaga vs Madonna, Miley Cyrus vs Nicki Minaj. No Rock? Beattles vs Stones, Metallica vs Megadeth, Guns N’ Roses vs Nirvana, Oasis vs Blur e podemos também citar o Mötley Crüe vs Guns N’ Roses e Guns N’ Roses vs Metallica. Ah! E ainda tem as tretas entre músicos que dividiam palcos. Lennon vs McCartney, Slash vs Axl Rose, Roger Waters vs David Gilmour, David Lee Roth vs Eddie Van Halen, Noel Gallagher vs Liam Gallagher.


De verdade, o que isso trouxe? Penalidades? Não… Isso trouxe receitas, maior exposição, mais entrevistas, mais aparições, mais vendas, mais shows, mais idolatria… Enfim, e aí conectamos com as polarizações tão descaradas que estão à mão. Goku ou Naruto? King Kong ou Godzilla? DC ou Marvel? Ah! Capitão América ou Homem de Ferro? E, ainda mais sério… Lula ou Bolsonaro? Canceladores vs Anti-cancelamentos? Veja como a sociedade é diariamente levada a fazer uma prova objetiva de duas opções. Acredito que o mundo é muito grande para se viver apenas sobre o Oceano Glacial Ártico ou na Antártida.


Presume-se que o roqueiro (Rocker) seja inteligente. Isso é o que diz o estudo de Virgil Griffith, da Universidade de Warwick, no Reino Unido. Mas, ao me envergar sobre a discrepância que a Heurística da Disponibilidade pode me trazer, percebo que a coisa, do lado de cá, não parece tão factível quanto a dos arredores da Universidade de Warwick. E antes que venha apontar às gerações mais novas, vale a reflexão sobre o próprio comportamento conduzido, onde apenas a foto de avatar e a inscrição da idade no perfil trazem marcas da dessemelhança.


Aqui, de fato, vem a reflexão. Será que nós, que batemos sete freguesias por aí, em busca da disseminação do trabalho, fazemos a coisa de forma certa? Será que não deveríamos arrumar brigas estúpidas, sem sentido, por motivos torpes, em prol da atenção dos veículos segmentados e, consequentemente do público?

Quando penso no Facing Fear e a já não tão recente saída de Nathalia Souza, deduzo que deveríamos ter feito um estardalhaço, com direito a exposições fantasiosas, acusações utópicas e mais o que viesse, apenas para criar volume de difusão. Quem sabe a cobertura à lá King Kong vs Godzilla não faria a sua vez? Um dinheirinho em um veículo aqui, outro acolá e pronto: treta bem difundida, vitória dos dois lados.

Quando olho para o trabalho lançado pelo SteeWild, imagino que eu deveria ter contatado o Marcus para falar: “Coé, cara! Vamos colar de xingar um ao outro por aí para pilhar a galera!” Mais uma vez, um dinheirinho em fulano, outro em beltrano e pronto. Mais uma treta bem difundida, vitória para os dois lados.


Nos últimos dias, mais precisamente nos últimos quinze dias, apareceram vários relatos de músicos frustrados com resultados de difusão. Caras! Talvez não tenhamos lido a coisa do jeito que deveríamos. Talvez não entregamos aquilo que realmente o público quer…


Enfim… Reflexão.

Comentários

  1. Muito interessante a sua linha de raciocínio... se as pessoas dessem um passo para trás e olhassem o quadro por inteiro acho que veriam como estão nos conduzindo para onde eles querem.

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  2. Muito interessante a sua linha de raciocínio... se as pessoas dessem um passo para trás e olhassem o quadro por inteiro acho que veriam como estão nos conduzindo para onde eles querem.

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