Rock N' Beer Rio. E agora?

Foto por Michel Menezes.
O Rock N’ Beer adquiriu o espaço que funcionava o Heavy Duty. E agora? Alguns amantes do antigo estabelecimento, que nunca frequentaram o famoso bar de São Gonçalo, olharão ressabiados para essa aquisição. No entanto, devemos deixar as paixões de lado e ver à luz da razão.

Este texto é especial, porque dissertarei, com meus apontamentos, sobre o porquê, hoje, a marca Rock N’ Beer se torna uma das maiores referências dentro do underground fluminense.
No dia 9 de junho deste ano, o jornal O Globo estampava em seu site a seguinte manchete: “Coronavírus: pelo menos mil restaurantes e bares fecharam as portas no Rio”. Costumo falar muito sobre a visão de um gestor a respeito do seu negócio e que isso não pode se reduzir apenas aos serviços “cavalo de batalha” oferecidos pelo empreendimento. Sabe aquela história da Matriz BCG? Então. Não existe receita de bolo, como Bill Clinton deixou subentendido a Fernando Henrique Cardoso, num esporro histórico em Florença, no dia 21 de novembro de 1999, no Congresso de Governos Progressistas.
Sabe-se que um negócio vive às intempéries do ambiente externo e um gestor não pode controlá-lo ao bel-prazer, exceto algumas exceções, notadamente. E assim chegamos a uma constatação do porquê muitos bares e restaurantes fecharam as portas no município do Rio de Janeiro. Em São Gonçalo também não foi difícil ver as placas de “Passo o Ponto” espalhadas pelos Distritos da cidade.

Uma arma nem tão secreta.

Sinceramente, não consigo compreender a manchete do jornal O Globo. Não consigo, simplesmente porque quando a onda boa acontecia, os donos dos estabelecimentos eram os responsáveis pelo sucesso. Mas quando o ambiente externo ditou novas leis, a culpa é do ambiente externo. Isso só prova uma coisa: esses gestores não eram os responsáveis pelo sucesso dos estabelecimentos. Só conduziam um carro numa estrada reta e sem obstáculos. Bastou uma curva com um buraco para se perderem no meio da brita.
O Rock N’ Beer tinha todos os motivos para simplesmente desaparecer do mapa durante os meses de “Light Lockdown”. Um bar que funciona à base de música ao vivo e vende hambúrgueres e petiscos para uma clientela do segmento Rock, em São Gonçalo? Qual a possibilidade de isso continuar a existir durante os meses em que bares e restaurantes não podiam funcionar, nem com capacidade reduzida?
É bastante evidente que ali há uma gestão séria com respeito ao financeiro e mais evidente ainda a maneira como realocam os recursos. O Rock N’ Beer reforçou a ideia de Delivery e, mesmo que tivesse ou não tivesse a mesma demanda de outrora, a imagem do estabelecimento se reforçava na mente daqueles frequentadores assíduos. Aqueles que não largavam o Rock N’ Beer, passaram a comprar ainda mais a ideia, sem a necessidade de apelar para os famosos “cupons vitalícios”. Hoje o mapa de cobertura de entrega do estabelecimento é incompreensível, se considerarmos o tamanho do mesmo.

Show Aberto.

O Rock N’ Beer, assim que “tomou de assalto” a Rua Dr. Francisco Portela, mostrou definitivamente que Rock N’ Roll Underground não é sinônimo de sujeira ou coisa feita de qualquer jeito. O cuidado dos gestores - que também metem a mão no trabalho - vai da manutenção constante das decorações até a cerveja gelada e um hambúrguer entregue sob a temática do segmento. O bar quebrou a estrutura de show em local fechado e, embora já existissem locais que faziam este “show aberto”, o zelo que o Rock N’ Beer tem com os artistas que se apresentam é muito maior do que seus concorrentes de fronteiras longínquas. E isso explica muito o porquê do bar de Eduardo Cabral, Leonardo Ferreira e Markus Roza ter adquirido o espaço que figurava anteriormente o Heavy Duty.

Do palco e da pista.

Diante pessoas que eram assíduas frequentadoras do Heavy Duty, eu sou um bebê de colo. Toquei algumas vezes na casa, figurei em alguns eventos, mas não era de me aventurar ao Heavy Duty ao menor sinal de chamado. E isso por vários fatores que me fizeram ver a casa com olhos pouco agregadores. Não convém aqui listá-los.
Rodei o Estado – e parte do país – tocando em outras casas, com outros “produtores”, enfim, pra ver que no meu “Top 5” estava o local mais próximo da minha casa. Faça uma lista de 100 bandas que tocaram no Rock N’ Beer e peça um feedback. Faça uma lista de 1000 frequentadores do Rock N’ Beer e peça um feedback. Saberá exatamente do que falo. Dentro do Rock Underground, é um dos poucos locais onde se toca ou frequenta e se depara com qualquer um dos donos rodando para um lado e outro, embrenhando-se no trabalho e preocupado em saber se está tudo bem contigo. E isso, por mais despretensioso que possa parecer, muda totalmente a experiência. Não esquecendo de mencionar o preço de bebidas e lanches, bastante em conta se formos fazer alusão a outros estabelecimentos dentro do que gostam de chamar “cenário underground”. Há locais no Rio de Janeiro em que dá a entender que você acabou de comprar um ingresso pela Ticket Master. E isso qualquer um pode constatar.

Um aprendizado para o público underground.

Assim como o Rock N’ Beer, todo lugar tem algo a melhorar. Mas a capacidade que eles têm em se adaptar a determinada tendência para atender melhor aos seus Stakeholders é muito superior aos seus concorrentes dentro do Estado. E aqui falo de forma prática, ao observar o funcionamento e saber que ali eles não levam paradigmas como receita de bolo.
Alguns de vocês podem tentar me jogar contra a parede agora, ao fazer a simples pergunta: “Mas e o autoral lá?” Por incrível que pareça, o Rock N’ Beer acabou mostrando que o problema do autoral não são as bandas ou as casas.
Ao trabalhar a fórmula de Couvert Voluntário e abrir espaço para bandas e organizadores sem distinção, o bar evidenciou um problema latente no público do Rio de Janeiro. Com um espaço aberto a qualquer um que queira prestigiar músicos, ao “passar o pote”, observa-se que o próprio público não é tão meticuloso assim com aquele que lhe traz entretenimento. E isso não se reflete apenas nos shows Covers, como também nos Domingos de Autorais que aconteciam antes da pandemia. Fosse qualquer outro estabelecimento, teria extinguido shows de bandas autorais, devido à baixa audiência. No entanto, não foi o que os três fizeram e, ainda assim, eles “desenrolam” a situação aos artistas para não deixá-los a pé.

Fazer valer.

Por esses e outros incontáveis motivos, o Rock N’ Beer não chega à Rua Ceará como um empreendimento curioso, ou como “vamos ver qual é”. Edu, Leo e Markus sabem muito bem o que fazem e sabem onde se metem. Sabemos que o ser humano tem certa aversão às mudanças, entretanto, deve-se deixar levar pela curiosidade e uma avaliação aberta a respeito do novo estabelecimento que inaugurará na cidade do Rio de Janeiro. Por experiência própria, digo aos antigos frequentadores do Heavy Duty e aos novos do Rock N’ Beer Rio, que vocês receberão a oportunidade de desfrutar de um ambiente onde ficarão despreocupados de estorvos tão corriqueiros aos quais presenciamos em outros lugares.
Então deixe aí a sua opinião. Como você vê essa ida do Rock N' Beer à cidade do Rio?

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Comentários

  1. Rock n Beer tem é que dominar o mundo!
    Já toquei 2x lá.
    É um ambiente simples, os cachês não são astronômicos... Porém vejo uma preocupação e carinho enorme da administração da casa, tanto pro público quanto pras bandas.
    O RJ necessita de mais locais Underground que nem esse (venham para Niterói)!!!
    Frequentaria mais se morasse mais perto, com certeza.
    Recomendo pedirem no delivery e, quando a pandemia acabar, recomendo conhecerem.

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  2. Feliz pelo sucesso de vcs!!!
    O mérito da conquista do público é todo de vcs,que colham os frutos que foram e continuam a ser plantados...
    Certeza que nao vai parar por ai🤘

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  3. Por isso amo esse BOTECO SUJO, PORRRAAA!! Vida longa ao Rock N' Beer e ao ROCK!!! SUCESSOOOO do outro lado da poça!!

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  4. Muito bom! O cenário o Rock n' roll Carioca não pode parar. Rock 'n beer está aí pra isso! Muito bom saber que mesmo em momento de dificuldades. Surgem novas oportunidades! Viva ao Rock n' Beer!

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