Só um pouquinho de descanso. Por favor.

É impressionante como não se consegue relaxar. Não é nada a respeito de pandemia, compreende? É realmente impressionante como não se consegue relaxar.

Plutarco não estava errado, pois realmente “Uma alegria tumultuosa anuncia uma felicidade medíocre e breve”. Isso é verídico, principalmente quando olhamos para as garrafas de cerveja e lembramos dos finais de semana. Aqui embaixo, o bicho pega o tempo inteiro e parece que entramos numa psicoadaptação de achar que isso é normal. Não é normal. Não faça isso consigo mesmo.

A conveniência de outros nos colocou um roteiro de que para tudo é preciso batalhar incessantemente. Pintaram-nos heróis, dramas e tudo o mais que fosse necessário para que, ao acordarmos, enfrentássemos o dia como se estivéssemos num magnífico roteiro hollywoodiano que remetesse à dor e à glória.

Mas a coisa toda não é tão linda como parece. Do outro lado, há os reguladores, os “mocinhos do especulativo”, aqueles que assistem as nossas obras entre gargalhadas e suaves comiserações. É pura conveniência.

Aqui embaixo as personagens se confundem, brigam entre si como os clãs mongóis antes da unificação feita a muito sangue por Temujin. Exaltam-se, atacando a outros num voluntariado tacanho em reverência aos espectadores de “fina estirpe”. Gargalham da penúria alheia, agridem a substância do próximo, no intuito de que, no fim, tudo não passasse de uma leve brincadeira.

Os “mocinhos do especulativo” elegem um pária daqui para vender esperanças, as famosas 7 fórmulas, 5 passos e toda a sorte de simpatia intelectual na tentativa bem-sucedida de distrair aqueles que vivem um círculo infinito de batalhas.

E nós temos que fazer, fazer, fazer, fazer, fazer e fazer sempre… Não importa o quanto se tenha feito. O descanso nunca é merecido.

Mas para a maioria, uma hora a fadiga chega e não há mais forças para levantar suas armas. O inimigo, em bando, na forma de todas as circunstâncias que nos rodeiam, desce impiedosamente a sua lâmina sobre o guerreiro, que ganha um fim trágico, extraindo até algumas lágrimas daqueles espectadores que, porventura, assistiam a esta obra.

É impressionante como não se consegue relaxar.


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