Underground das pernas tortas.

A vaidade é um negócio tão sinistro que, ao mesmo tempo em que ela pode lhe servir como virtude, também pode lhe acarretar desvios comportamentais.

Posso estar bancando o “cientista de gabinete”, por não ter uma assiduidade maior nos eventos paulistas, mas com minhas idas e vindas, tocando em shows undergrounds em SP, percebi que, aqui no RJ, muitos "produtores" de eventos parecem exercer uma influência demasiada nos frequentadores… E o pior é que gostam disso.

Imagine-se indo ao Maracanã assistir a um Flamengo x Vasco, numa final de Campeonato Carioca e, chegando lá, você viraria para a tribuna e começaria a torcer pelo senhor Rubens Lopes. Imagine-se postando fotos, stories e hashtags para este mesmo senhor nos dias que antecedem o clássico. Pois é. Rubens Lopes é o presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro.

Em todos os eventos que toquei em São Paulo, o público e os organizadores fizeram sua parte em prol das bandas. Não vi essa adulação a organizadores, como é frequente aqui no RJ, por parte das bandas e principalmente do público. Talvez esta seja a maior diferença entre uma “cena e outra”, além, é claro, dos demais problemas que o RJ enfrenta como infraestrutura para que os eventos pipoquem em todo lado.

Excetuando um dos eventos, o restante que marquei presença com minha banda sempre tive um backline que coloca a maioria dos eventos daqui do RJ no bolso e, mesmo assim, os organizadores de lá não procuram ostentar nada disso como medalha de honra. Também excetuando - curiosamente o mesmo do backline deficiente - um dos eventos, não tive que aguentar profissionais que tratam os artistas como pedintes por espaço, como é frequente a arrogância da maioria dos organizadores fluminenses.

No RJ há uma inversão de valores. Alguns organizadores se tornaram pseudo-celebridades e as bandas acabaram ficando com o papel de refém da tirania desses “profissionais”. Fulaninho de não sei onde, Beltraninho de acolá, Sicraninho "Daki & Dali". O RJ, além de possuir uma péssima infraestrutura para que os eventos tenham mais resultados (mobilidade urbana, segurança e etc.), ainda apresenta essa disfunção mental nas pessoas responsáveis por organizar os eventos. Não é questão de humildade, mas sim da consciência do papel de cada um na trama.

Óbvio que para a regra, há exceções e, por isso, ainda há esperança. Cuidado para não ir ao Maracanã torcer para o senhor Rubens Lopes.

Comentários

  1. É por aee brother, parece uma inversão de valores, e se vc critica ainda é tachado de FDP, bandas se sujeitam a tocar em equipamento ruim só porque o evento é do "produtor fulano de tal" e o público na sua grande parte é de músicos que estão ali para colher as migalhas de sua babação nesses produtores para tocar em seus eventos futuros... Lamentável...

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